Dercy de Verdade, segundo Maria Adelaide Amaral

Gente, assistindo ontem a estreia da minissérie “Dercy de Verdade” eu não pude deixar de aproveitar uma entrevista via e-mail cedida pela autora Maria Adelaide Amaral para a Marie Clarie (Por Marina Caruso).

A trama que vai ao ar depois do “Big Brother Brasil” terá apenas quatro capítulos. Fafy Siqueira, Heloísa Périssé e sua filha Luisa interpretarão diferentes fases de Dercy Gonçalves. 

Baseado no livro “Dercy de Cabo a Rabo”, escrito por Maria Adelaide em 1994 e relançado agora pela editora Globo, o programa mostrará um lado mais sóbrio da comediante mais escrachada do Brasil. 

A autora disse esperar que o público prestigie tanto a minissérie quanto a prestigiava à própria Dercy. Confiram na integra (e comentem!) as suas principais respostas:

Quando decidiu escrever “Dercy – de cabo a rabo”, o que tinha em mente? Por que Dercy? 

A biografia foi um pedido da própria Dercy, e patrocinada pelo José Bonifácio de Oliveira Sobrinho (o Boni). Fiquei muito honrada com o convite para escrever sobre uma das maiores comediantes do teatro brasileiro.

Como foi o processo de pesquisa?

Praticamente me mudei para o Rio e fiquei cerca de 15 dias na casa dela, conversando e gravando de oito a dez horas por dia.

HELOÍSA PÉRISSÉ, A VERDADEIRA DERCY E FAFY SIQUEIRA

A obra foi lançada em 1994 e a minissérie da globo só irá ao ar agora, em 2012. por que um hiato tão grande?

Ela morreu em 2008 e não fazia sentido propor uma minissérie sobre uma pessoa viva, que aliás nos últimos anos era contratada pelo SBT. Em 2007, ela me pediu que escrevesse uma peça sobre ela, baseada no livro para a Fafy Siqueira interpretar. Ela morreu logo depois. No ano passado, quando a Heloísa Périssé me procurou fazer Dercy, achei que estava na hora de propor uma minissérie para ambas as atrizes.

O que mais difere o livro da minissérie?

A minissérie teve necessariamente que selecionar os fatos mais relevantes da biografia da Dercy.

HELOÍSA INTERPRETA DERCY QUANDO JOVEM

Tanto o livro quanto a minissérie apresentam um lado menos cômico de dercy, mas sofrido, obscuro. Tendo conhecido de perto a comediante, como acha que ela conseguia coordenar duas facetas tão distintas de si mesma?

Ela tinha duas personas – a Dolores (seu nome de batismo) e a Dercy -, e sabia qual usar em cada situação. Na intimidade e na vida familiar, era a Dolores moralista e conservadora. Para consumo do público e da mídia era a Dercy, uma atriz da qual se esperava escracho e palavrões.

A filha de Dercy, Dercimar, já declarou que em casa, não podia falar palavrão e que, por pressão da mãe, casou-se virgem. De onde veio esse lado mais, digamos, “moralista” da comediante?

Uma coisa era a persona publica, outra era a persona privada. O fato de Dercy falar palavrões não impedia que ela tivesse princípios rígidos sobre seu próprio comportamento e sobre o comportamento da filha. Para Dercy uma moça não podia ser desfrutável e sua filha não o seria. Não podemos esquecer que isso aconteceu nas décadas de 40 e 50 quando a virgindade era uma exigência para uma moça de família. Decimar podia ser filha de dercy mas foi educada para ser uma moça de família.

Cena que se destacou, na opinião do #Fam, logo no primeiro capítulo:

Marcus Fam