quinta-feira, 1 de março de 2012

Em cima do muro, Valadares tenta combater incêndio



“Não gostei de nada do que aconteceu”. Com esta frase o senador Antonio Carlos Valadares (PSB) resumiu o sentimento quanto aos efeitos da antecipação das eleições para escolha da nova mesa diretora da Assembleia Legislativa, ocorrida na segunda-feira, 27, que culminou com a reeleição de Angélica Guimarães no Legislativo e o racha do governador Marcelo Déda com o agrupamento político liderado pelos irmãos Eduardo e Edvan Amorim.

Pelo menos foram essas pelavras que o senador usou para se manter em cima do muro e ganhar tempo para refletir sobre qual lado o seu grupo deve ficar.

O senador lamenta o rompimento e diz que prefere o silêncio neste momento. Ele virá a Sergipe e já marcou encontro com os deputados da base do PSB (Maria Mendonça e Adelson Barreto) para debater a questão. “Venho trabalhando para o entendimento desde o primeiro momento. Fui bombeiro do começo até o fim e fico triste pelo desfecho”, reagiu o senador.

Observando as últimas ações da deputada Maria Mendonça e da participação do deputado Adelson Barreto como primeiro-secretário da Mesa formada para o bieno 2013/2014 na Assembléia Legislativa, fica claro que por alguns membros da base do PSB pesa para o lado do grupo dos Irmãos Amorim, mas Valadares demonstra desconforto com esse posicionamento de ter que escolher e receio de se afastar da base do governo ao ressaltar que é bombeiro e procura entendimento.

O senador, que é o líder do PSB no estado, retornaria de Brasília nesta quinta-feira (1º), mas segundo informações da reportagem feita pela jornalista Cássia Santana para o Portal Infonet, Valadares possui um compromisso no Rio de Janeiro e atrasou a volta para Sergipe para o próximo sábado (3), trazendo na bagagem a missão especial de apagar o incêndio que afetou as relações dos deputados Maria Mendonça e Adelson Barreto com o governador Marcelo Déda. “Não quero falar nada sobre este assunto, sem antes conversar com os dois deputados para me inteirar, para saber o que realmente aconteceu”.

A deputada Maria Mendonça demonstra-se bem mais magoada com a postura do governador, reação provocada pela exoneração imediata de Maria do Carmo Mendonça Andrade, da diretoria de Atendimento do Detran, uma irmã da parlamentar. A exoneração da irmã da parlamentar foi publicada no Diário Oficial que circulou na quarta-feira (29), como já foi informado aqui no Blog do #Fam e no site Consultnews.

Na própria quarta, a parlamentar fez um pronunciamento bombástico efetivando o racha pessoal com o Governo e cobrando posição do seu partido. "Vou conversar com o senador Valadares, que a liderança do nosso grupo, e o PSB tem que tomar uma decisão. Não posso carregar a pecha de traidora que estão querendo me imputar", desabafou a deputada.

Complicações políticas

Na ótica dos aliados dos irmãos Amorim, está cada vez mais complicada a indicação do ex-deputado Belivaldo Chagas para o Tribunal de Contas do Estado, apesar do requerimento a ser apresentado pelo deputado Francisco Gualberto, líder do Governo, ser subscrito por todos os 24 parlamentares. Belivaldo ocupa cargo de primeiro escalão pela fatia do PSB no Governo e o grupo liderado pelos irmãos Amorim também cobra uma posição do senador Valadares pelo rompimento com o Governo.

Parlamentares vinculados ao agrupamento liderado pelos Amorim não têm dúvida que a indicação de Belivaldo está associada ao desligamento do PSB do Governo. “Não há nenhuma pressão, até porque Valadares é um senador, mas o PSB foi o mais prejudicado e tem que se posicionar”, considera a deputada Susana Azevedo, que atuaria como um plano B do agrupamento para substituir Belivaldo Chagas na indicação para o TCE.

No entanto, a cautela parece prevalecer entre os aliados dos Amorim. Quando provocado quanto a um possível plano B para substituir Belivaldo Chagas, em caso de não haver entendimentos com o PSB, o deputado Zeca da Silva foi irônico: “aí você quer saber demais”.

Mas Zeca da Silva admite possível inviabilidade política para emplacar Belivaldo. “Pode haver inviabilidade sim na indicação, mas vamos conversar porque Belivaldo Chagas merece respeito, é uma pessoa amiga de todos os setores, seria um nome inquestionável na indicação, mas política é política”, admite o parlamentar.

Marcus Fam

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